Amparado por uma "explosão" da automedicação, o mercado mundial de acne deve acumular taxa de crescimento substancial até 2025, de acordo com aa Persistence Market Research (PMR). O montante movimentado passaria, segundo a projeção, de US$ 4,9 bilhões em 2016 para US$ 7,3 bilhões em 2025 - um aumento de 48,98%.

"Devido à mudança de dados demográficos e hábitos sociais, a idade média de início da acne reduziu de 14 a 15 anos para 11 a 12 anos. Aliado a isso, houve um aumento da frequência do uso de produtos por conta própria. Esses são os dois principais fatores que justificam o aumento", explica o Dr. Jardis Volpe, dermatologista de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "A automedicação pode retroalimentar esse mercado, uma vez que ela pode trazer riscos e a acne voltar pior", acrescenta o médico.

A acne é uma doença inflamatória de pele que tem causa multifatorial e, se um dermatologista não for consultado, o corpo pode não responder tão bem ao tratamento. Na verdade, pode haver até mesmo um processo de piora: o chamado efeito rebote. "Existem alguns produtos que secam demais a pele, dando a impressão do controle da oleosidade, porém o sistema biológico desenvolve mais óleo para dar o equilíbrio necessário", explica Márcio Accordi, biólogo especialista em cosmetologia e diretor da Biozenthi Laboratórios Cosméticos.

A dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, lembra que produtos mais abrasivos, mais alcalinos e com mais esfoliação acabam mudando muito o pH da pele.

O excesso de limpeza, às vezes com reaplicação do produto várias vezes ao dia, também colabora para esse fenômeno, explica o consultor e pesquisador em Cosmetologia Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma. "O ácido salicílico, um agente multifuncional, muito utilizado em pacientes com acne, por exemplo, atua sobre praticamente todas as alterações presentes na acne, por isso é bastante utilizado em produtos de limpeza e de tratamento. Mas quando utilizado de maneira exagerada, pode levar à redução excessiva da oleosidade da pele, com ressecamento intenso e posterior estímulo à produção compensatória de mais oleosidade", acrescenta.

A escolha errada de produtos e o uso sem a devida orientação, segundo Dr. Jardis, podem desencadear um quatro de acne severa, que exige tratamento via oral com isotretinoína - medicamento eficaz contra espinhas e oleosidade, mas cheio de efeitos adversos.

O primeiro passo para tratar acne é procurar ajuda de um dermatologista. Segundo Lucas Portilho, para que não ocorra o efeito rebote, não é necessário evitar substâncias cosméticas. "Na verdade, estas devem ser utilizadas de maneira correta, para que sua eficácia seja atingida, levando aos resultados desejados", conta.

A dermatologista Dra. Claudia Marçal também orienta que seja feita, sim, a limpeza e higienização da pele, mas com orientação e parcimônia, não ultrapassando o uso de três vezes ao dia. "A hidratação posterior deve ser feita na forma de séruns com produtos de toque seco, com protetores adequados ao clima e à pele, o que também é importante para fazer com que não haja o efeito rebote", comenta.

Para produtos de tratamento, a dermatologista Dra. Thais Pepe sugere a combinação dos medicamentos tópicos: peróxido de benzoíla e adapaleno. "O primeiro é um agente oxidante com ação bactericida e que ajuda a dissolver o excesso de queratina da pele; já o adapaleno é derivado da Vitamina A, funciona como anti-inflamatório e impede a obstrução dos poros", explica a médica de São Paulo.

No caso do controle da oleosidade, Lucas afirma que existem ativos que não têm ação específica nas glândulas sebáceas, mas controlam a oleosidade por até 6 horas. É o caso das sílicas e amidos modificados que conseguem absorver o sebo liberado na superfície da pele, proporcionando efeito "matte", ou seja, sem brilho.

Produtos mais naturais e sem sulfatos, de acordo com Márcio Accordi, ajudam a tratar a acne de maneira efetiva sem as dores de cabeça do efeito rebote. "As argilas são boas opções", finaliza.