Cosméticos naturais ou orgânicos

Em matéria de certificações e selos, até pouco tempo atrás a Europa tinha apenas referenciais nacionais ou de âmbito privado. Desde 2011, o padrão COSMOS harmoniza as exigências de seis organizações europeias (BDIH, AIAB, SOIL, EcoCert, Cosmebio, EcoGarantie), sendo aplicável tanto a produtos acabados como a matérias-primas. Fora da Europa, existe também um grande número de sistemas, seja nos Estados Unidos, na Índia ou na Coreia, mas cada um tem sua própria interpretação do que é cosmético natural ou orgânico.

Por essa razão, desde 2009 o Comitê Técnico da ISO responsável pelo setor de cosméticos (TC 217) vem se empenhando para formular uma definição consensual desses conceitos. O objetivo é finalizar, no final de 2014, a nova norma ISO 16128. Com publicação prevista para o início de 2015, ela apresentará as primeiras definições universais do que vem a ser um cosmético orgânico ou natural. Entretanto, essa norma não tratará as questões relacionadas com as informações fornecidas pelos fabricantes.

Certificações de comércio justo

Na esfera do comércio justo, o líder mundial é um selo gerenciado pela Fairtrade Labelling Organizations International (FLO). Na Europa, os selos mais conhecidos em matéria de produtos cosméticos são EcoCert Equitable, Fair for Life, FairWild, Fairtrade International (Max Havelaar), Forest Garden Products, Naturland Fair e WFTO.

Desenvolvimento sustentável e biodiversidade

No campo do desenvolvimento sustentável, as empresas dispõem de diversas ferramentas para valorizar os esforços empreendidos – por exemplo com a certificação pelas normas ISO 14000 (meio ambiente) e OHSAS 18001 (referencial trabalhista). A ISO colocou também à disposição das empresas a norma ISO 26000, que estipula diretrizes sobre responsabilidade social das empresas (RSE).

Nessa área, não existem selos que se apliquem especificamente aos produtos cosméticos – portanto, as marcas têm uma certa liberdade em relação às informações que divulgam. Algumas, como a Pierre Fabre, dão destaque à concepção ecológica de suas embalagens; outras, como a L’Oréal, salientam sua política de RSE.

Nos últimos anos, um número crescente de empresas vem divulgando os compromissos assumidos em matéria de biodiversidade, em particular com a adesão à UEBT, União para o BioComércio Ético. Um bom exemplo é a Beraca.

Na área de biodiversidade, outra iniciativa que vale a pena citar é o trabalho do Dr. Ranil Senanayake, que criou, em 1982, o conceito de silvicultura análoga, dando origem ao selo "FOREST GARDEN PRODUCTS" e, mais tarde (1995) à criação da IAFN (International Analog Forestry Network), movimento internacional que reabilita ecossistemas destruídos por poluição, monocultura, cultura intensiva ou desmatamento.

A multiplicação de certificações e selos é o reflexo da multiplicação de iniciativas que objetivam oferecer uma resposta à profunda transformação dos anseios do público em geral. O consumidor precisa dar um sentido concreto aos compromissos que deseja assumir e os ingredientes cosméticos são um elemento com o qual ele entra em contato direto, literalmente.

As normas e os selos constituem respostas técnicas e visuais por meio das quais as empresas podem oferecer garantias simples em relação a temas técnicos e complexos. Do meu ponto de vista, essas respostas só valem se estiverem associadas a uma política de comunicação responsável e ética. Desde junho de 2012, os profissionais de comunicação contam com um guia de utilização sobre a norma ISO 26000. Agora, resta saber quando veremos a criação de um selo de comunicação responsável.