Terceiro maior mercado de cosméticos da América Latina, com cerca de 10% de crescimento ao ano, o país registrou um faturamento de US$ 4 bilhões no ano passado, segundo dados da Câmara de Cosméticos da Associação Nacional dos Empresários da Colômbia (Andi). O dinamismo da indústria é reforçado por investimentos anuais que oscilam entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões desde 2009, o que contribuiu para que o mercado triplicasse suas vendas nos últimos 12 anos.

Loja do Boticário

Loja do Boticário

A chegada do Boticário ao país, com suas linhas de cosméticos, perfumes e maquiagens, deve acirrar ainda mais a competição entre as líderes do setor, Unilever, Belstar SA e P&G. As multinacionais Kimberly-Clark, Avon, Beiesdorf (Nivea), Belcorp e Yanbal também estão estabelecidas na Colômbia. A brasileira Natura, que chegou ao país em 2006, anunciou a meta de conquistar 5% de participação no mercado de cosméticos e encabeçar o canal de vendas diretas até 2017.

De acordo com Andrés Giraldo Torres, diretor do Boticário na Colômbia, o objetivo do grupo é atingir um faturamento anual de US$ 80 milhões a US$ 90 milhões a partir de 2016, com a abertura de 100 pontos de venda. A estratégia é consolidar a presença comercial da marca nas principais cidades do país para garantir cobertura nacional nos primeiros dois anos de operações. “Vamos inaugurar cinco lojas próprias em Bogotá ainda este ano”, afirmou Torres em entrevista ao Valor Econômico.

Embora o Grupo Boticário tenha quatro marcas – O Boticário, Eudora, Quem Disse Berenice e The Beauty Box –, a operação colombiana será lançada apenas com produtos da marca O Boticário. “Não descartamos a possibilidade de ativar, a longo prazo, outros modelos de negócio que o grupo dispõe em âmbito mundial, como a venda direta ou o marketing de rede. Por enquanto, vamos nos concentrar em perfumes e maquiagem”, diz Torres.

Depois do Brasil, onde O Boticário conta com uma rede de 3.690 pontos de venda e faturamento de R$ 7,6 bilhões em 2013, a Colômbia será o primeiro mercado da região em que a empresa terá uma operação consolidada, com lojas próprias. Atualmente, as operações do Boticário na América Latina incluem também Venezuela, Peru e Paraguai. O plano de expansão na região tinha a Venezuela como prioridade, mas diante do instável panorama econômico do país, O Boticário reestruturou sua estratégia comercial e passou a focar na Colômbia

Para o diretor executivo da Câmara de Comércio Brasil-Colômbia, Francisco Solano, as marcas brasileiras de cosméticos seguirão em ascensão no país. “A Colômbia é um mercado prioritário para o Brasil. O Boticário é uma marca-símbolo e os investimentos da empresa são uma demonstração de confiança na nossa economia e capacidade de consumo”, afirma Solano.

Já no Brasil, as vendas de 2014 devem crescer abaixo do esperado. Segundo o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, as eleições e a incerteza do cenário econômico reduziram a expectativa de crescimento da empresa de 18% para 16%. Para 2015, o varejo deve crescer a uma taxa ainda menor do que neste ano. Entre as razões para a desaceleração, estão o aumento da inflação e possíveis reajustes de preços. Em seminário no 17o Fórum de Varejo da América Latina, Grynbaum destacou a resiliência do setor cosmético, que mesmo em momentos desfavoráveis, cresce acima do PIB.