© Martin Novak /shutterstock.com

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Os compostos em questão, chamados triclosan e triclocarban, são bactericidas muito usados, presentes em mais de 2.000 produtos de uso diário vendidos como antimicróbicos, incluindo pastas de dente, sabonetes, detergentes, carpetes, tintas, materiais escolares e brinquedos. Os produtos químicos, também chamados de TCS e TCC, respectivamente, foram introduzidos no mercado em 1964 e 1957.

Produtos químicos em amostras de urina

Observamos a exposição de mulheres grávidas e seus fetos ao triclosan e triclocarban, dois dos matadores de germes mais comuns em sabões e outros produtos diários”, diz Benny Pycke, Ph.D., da Universidade do Arizona. “Descobrimos triclosan em todas as amostras de urina das mulheres grávidas que testamos. Também o detectamos em cerca de metade das amostras de sangue do cordão umbilical que examinamos, o que significa que é transferido para o feto. O triclocarban também esteve presente em muitas amostras.

Embora os compostos sejam rapidamente eliminados pelo corpo humano através do suor e urina, a exposição a eles é quase constante “Se você diminuir a fonte de exposição, o triclosan e triclocarban acabariam se diluindo, mas a verdade
é que temos uso universal desses produtos químicos, e, portanto, há exposição universal
”, diz Rolf Halden, Ph.D., pesquisador principal do estudo.

Resistência antibacteriana

A lém da preocupação com danos potenciais aos bebês no útero, os pesquisadores também indicam que os ingredientes desses produtos poderiam estar contribuindo para a crescente resistência antibacteriana.

O European public health scientific body (Scientific Committee on Consumer Safety, SCCS) de saúde pública europeia comunicou preocupações sobre o triclosan e seu papel potencial no problema.

Os pesquisadores da Universidade do Arizona estão familizarizados com o assinto, e graças a Halden, diretor do Centro para Segurança Ambiental, uma unidade de pesquisa conjunta criada com apoio do Instituto de Biodesign da universidade, o FDA (órgão americano responsável pela aprovação de medicamentos) está combatendo o problema.

Em uma entrevista após a publicação de outro estudo [1] em abril, Halden aprovou a ação do FDA, que deu um ano para os fabricantes de sabonetes provarem a segurança de seus produtos – ou mudá-los.

A ação do FDA é um passo prudente e importante para preservar a eficiência de antibióticos importantes para a medicina, evitando exposição desnecessária da população geral a produtos químicos que desregulam o sistema endocrinológico e podem ser prejudiciais, e diminuindo o crescente lançamento e acúmulo de antimicrobianos no ambiente”, disse Halden na época.

Empresas farmacêuticas como Johnson & Johnson e Procter & Gamble anunciaram que estão retirando os compostos de alguns de seus produtos.