No plano mundial, segundo o estudo Global Survey of Consumer Confidence and Spending Intentions, realizado pela Nielsen, a confiança do consumidor entrou em 2015 marcando 97 pontos – um aumento de 1 ponto em relação ao quarto trimestre de 2014 e ao mesmo período um ano atrás. A pesquisa, que avalia a confiança do consumidor e suas intenções de gastos, mede a percepção sobre perspectivas de emprego local, finanças pessoais e intenção de compras, abrangendo mais de 30 mil pessoas com acesso à internet em 60 países.

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"Embora, no primeiro trimestre, a confiança tenha permanecido relativamente estável no mundo todo, observamos variações consideráveis em diversos mercados", explicou Louise Keely, vice-presidente sênior da Nielsen e presidente do The Demand Institute. "No primeiro trimestre deste ano, dois mercados emergentes importantes - Brasil e Rússia - registraram, pelo segundo trimestre consecutivo, uma deterioração significativa na confiança, com queda no preço do petróleo e instabilidade política no Brasil. No início do ano, a China perdeu mais um ponto no índice, depois de uma queda de quatro pontos no trimestre anterior, refletindo a recente desaceleração do PIB no país."

Confiança do consumidor: altos e baixos na América Latina

Na realidade, a confiança do consumidor aumentou ligeiramente - ou, pelo menos, permaneceu estável - em todas as regiões do mundo, exceto na América Latina. Se observarmos sete mercados latino-americanos, veremos que, no Chile (87) e na Argentina (75), a confiança do consumidor cresceu 7 e 8 pontos, respectivamente, enquanto que no Brasil (88), locomotiva econômica do continente, ela continuou a recuar pelo segundo trimestre consecutivo, perdendo 7 pontos e atingindo seu mais baixo nível desde 2009. Na Venezuela (65), a confiança do consumidor também encolheu 5 pontos, enquanto no Peru (99), detentor do melhor placar da região, ela diminuiu 2 pontos no primeiro trimestre. Já na Colômbia (94), a confiança vem se mantendo estável desde o quarto trimestre de 2014.

No Brasil, o sentimento em relação às perspectivas de emprego caiu 10 pontos, alcançando 27% - um novo recorde na história do país. A percepção quanto às finanças pessoais também definhou e perdeu 6 pontos, atingindo 60%, o segundo nível mais baixo dos últimos 10 anos. O número de brasileiros que declaram ter a sensação de que a economia está em recessão cresceu para 85%, em comparação com 73% no trimestre anterior e 55% um ano atrás.

"No Brasil, os resultados refletem o ceticismo quanto à capacidade de o país gerar taxas de crescimento maiores no curto prazo, voltar a um nível de inflação mais baixo e evitar que o desemprego aumente ainda mais", declarou Luis Arjona, diretor País da Nielsen Brasil. "Preocupados com a conjuntura econômica global, os consumidores brasileiros têm se mostrado mais cautelosos em relação ao dinheiro, reduzindo as despesas fora do domicílio e planejando melhor as compras: o número de idas às lojas diminuiu, mas o gasto em cada compra aumentou. A pesquisa revelou também que, enquanto o volume de compras em lojas do tipo ‘atacarejo’ cresceu, as despesas com compras por impulso diminuíram.