A Água de Cheiro já foi umas das principais marcas de perfumaria e cosméticos do Brasil. Fundada por uma família de Minas Gerais, em 1976, a primeira franquia de beleza do país chegou a ter 900 lojas espalhadas por todo o território nacional e disputar com O Boticário a preferência dos consumidores brasileiros nos anos 1980.

Fabio Figueiredo, Diretor da Água de Cheiro

Fabio Figueiredo, Diretor da Água de Cheiro

Cheia de altos e baixos, a história da empresa ganha agora um novo capítulo pelas mãos da Beauty Franchinsing, braço do Grupo Narsana, que detém o licenciamento de marcas como Forum e Everlast e, desde 2006, controla no Brasil a rede argentina de alfajores Havanna. Comprada pela holding no final do ano passado em um leilão judicial por apenas R$ 6,6 milhões, a Água de Cheiro chegou a acumular uma dívida de mais de R$ 70 milhões, levando franqueados à falência.

O antigo franqueador – Henrique Pinto, fundador da construtora Tenda e do grupo Globalbrás – se desestruturou por motivos que desconhecemos e não conseguiu manter o abastecimento da rede de lojas. O Grupo Narsana adquiriu os ativos das marca e preparamos a estrutura para voltar ao mercado organizados e preparados para fazer jus ao nome e à história da Água de Cheiro”, diz Fabio Figueiredo, diretor da empresa.

A reestruturação da companhia levou em conta dois pontos principais: produtos e preços pensados para consumidores de renda mais baixa e a inclusão de novas marcas nos pontos de vendas. A seleção contará com grifes nacionais, como Marcelo Beauty e Ana Hickmann, e importadas de grande apelo no mercado brasileiro, como Gabriela Sabatini e Jennifer Lopez. “Com essa estratégia, apresentaremos ao público C novas tendências de consumo, inexistentes em diversas localidades no país”, afirma Figueiredo, que garante que a essência do negócio continuará sendo a marca própria, destacando como carros-chefes as linhas de fragrâncias Água Fresca, Absinto, Attractive e Hydros.

Além de uma nova logomarca, as lojas da franquia também vão ganhar um layout mais moderno e descontraído, com espaços a partir de 30 m2 e um mix variado de produtos. “Perfumaria, cosméticos, linhas de tratamentos, entre outras, fazem parte do posicionamento da marca e do que iremos entregar aos nossos consumidores”. O ticket médio esperado é de R$ 70.

Com um investimento previsto de R$ 15 milhões para os próximos anos, a Beauty Franchising pretende duplicar o número de lojas até 2019, passando das atuais 194 para 400 unidades e priorizando shopping centers de perfil popular. A taxa de franquia foi estabelecida em R$ 30 mil e o valor total para a abertura de uma loja pode variar de R$ 150 mil a R$ 250 mil, com retorno estimado entre 24 e 36 meses.

A volta da Água de Cheiro ao mercado deve encontrar diversos obstáculos, que vão do esquecimento da marca pelos consumidores à competitividade acirrada com outras empresas operando nesse segmento. “A Água de Cheiro passou por momentos difíceis e comprometeu sua imagem com o fechamento de diversas lojas e quase nenhuma comunicação”, assume o diretor.

Mas Fabio Figueiredo se diz otimista com o desafio. Para ele, é necessário investir muito em produtos e propaganda para que antigos clientes saibam que a Água de Cheiro ainda existe e atrair novos compradores, mudando também a imagem antes percebida como uma loja de presentes para um local de consumo de beleza. “Nossa aposta se dá sobre uma marca de tradição e reconhecimento e em um dos maiores mercados de perfumaria e cosméticos do mundo”, afirma.