A maioria dos consumidores valoriza a aparência e deseja sempre estar com o melhor visual possível. Segundo pesquisa realizada em escala mundial pela Canadean em 2015, 40% dos consumidores consideram a aparência como algo relativamente importante, enquanto 30% declaram que ela é muito importante. Tendo como pano de fundo a crescente popularidade das mídias sociais, e em particular a explosão da prática de selfies, 40% dos consumidores consultados nessa pesquisa de âmbito mundial pensam que sua aparência pessoal em fotos e imagens é relativamente importante, enquanto 25% consideram que ela é muito importante. Embora sempre exista a possibilidade de recorrer a cirurgias plásticas, essa opção não é totalmente isenta de riscos e pode custar caro. Por isso, muitos sonham com um alimento ou uma bebida capaz de ajudar o corpo a voltar no tempo...

Nos últimos anos, vimos surgir "drops de beleza" e outros tipos de complementos alimentares que prometem rejuvenescer a pele de dentro para fora. Na maioria das vezes formulados com ingredientes que supostamente melhoram a aparência, como colágeno, biotina, coenzima Q10 e babosa, esses drops - a exemplo de muitas multivitaminas - são comercializados com base no princípio de que serão comprados como complemento alimentar por consumidores atentos à saúde. Buscando capitalizar sobre a proposta de oferecer soluções de beleza de dentro para fora, foram lançados em 2015, no Reino Unido, os "chocolates de beleza" Esthechoc Cambridge.

Com a apresentação na forma de caixa de chocolates, a ideia é oferecer um produto de alto padrão, capaz de atrair o interesse de consumidores dispostos a gastar um pouco mais por um produto de beleza elaborado com base em pesquisas científicas. Entre as características anunciadas, os chocolates são apresentados como "o primeiro nutricosmético do mundo com efeito cientificamente comprovado sobre o metabolismo da pele após uma certa idade". Segundo o fabricante, o chocolate da beleza reúne "substâncias ativas altamente eficazes: astanxantina (o mais poderoso antioxidante reconhecido pela ciência) e polifenóis de cacau na forma de epicatecinas". Para quem acha que a proposta de cuidar de si e resgatar a aparência da juventude não é argumento suficiente, um outro fator que pode pesar na balança é o aval de "dez anos de pesquisas desenvolvidas na Universidade de Cambridge, Reino Unido".

Em 2015, vimos também surgir uma cerveja com colágeno, lançada pela Suntory. Para o público feminino, a cerveja sempre foi considerada uma bebida extremamente calórica, em geral reservada a consumidoras pouco femininas. No entanto, a nova cerveja japonesa Precious foi justamente desenvolvida para mulheres que desejam cuidar da aparência. Segundo o fabricante, cada lata contém dois gramas de colágeno. Embora essa substância não seja novidade em cosméticos destinados a revigorar, firmar e rejuvenescer a pele, sua presença como ingrediente em uma bebida - especialmente uma cerveja - pode revolucionar o mercado.

A ideia de desfrutar de um prazer sem culpas pode constituir um argumento para conquistar os consumidores constantemente bombardeados por declarações na mídia sobre os benefícios da beleza e os riscos de ingerir "besteiras" em excesso - principalmente chocolate e álcool. Segundo estatísticas apresentadas no estudo, 36% dos consumidores declaram concordar parcial ou totalmente com a afirmação de que se sentiriam menos culpados ao consumir alimentos ou bebidas nocivos à saúde se eles contivessem um ingrediente saudável. Numa era em que não se pode mais ignorar que tudo o que nosso corpo ingere contribui para nossa construção ou destruição, os fabricantes pretendem limpar a má reputação da cerveja e do chocolate, promovendo seus benefícios e ressaltando a presença de ingredientes capazes de seduzir a geração aficionada por selfies, que quer ter sua imagem sempre visível nas mídias sociais.