Cansado de bronzear como um camarão? Uma equipe de pesquisadores descobriu...

Cansado de bronzear como um camarão? Uma equipe de pesquisadores descobriu uma substância capaz de penetrar na pele humana e torná-la mais escura sem necessidade de exposição aos raios ultravioleta do sol. © Olivier Bellin / Istock.com

Estudos epidemiológicos mostram que os indivíduos com pele clara e/ou com dificuldade para bronzear são também os mais propensos a desenvolver câncer de pele, doença relativamente rara em indivíduos com pele mais escura. Os autores do estudo, publicado na revista americana Cell Reports [1], consideram, portanto, que o desenvolvimento de uma substância capaz de estimular a produção de melanina pode constituir um avanço significativo na luta contra o câncer de pele.

A substância apresentada pela equipe da Harvard Medical School é uma molécula de pequena dimensão, desenvolvida para inibir as proteínas quinases SIK (Salt-inducible kinase), que contribuem para a regulação da produção de melanina no homem.

Aplicada como um creme, a substância escureceu a epiderme de camundongos com pelo ruivo que, como os humanos de pele clara, estão mais propensos a desenvolver câncer de pele quando expostos a raios ultravioleta. A pesquisa sucede a um estudo publicado na Nature, revista científica britânica, em 2006. Na época, o estudo mostrou que uma outra substância, a forskolin, produzida por uma planta de origem indiana denominada Coleus, era capaz de induzir o escurecimento da pele de camundongos ruivos sem que eles fossem expostos a raios ultravioleta. Pouco tempo depois, porém, os cientistas descobriram que essa molécula era incapaz de penetrar na pele humana.

Testes com amostras de pele

Como não é protegida por uma camada espessa de pelos, a epiderme humana precisou evoluir ao longo do tempo, desenvolvendo mecanismos de proteção contra fatores como frio, calor e raios ultravioleta provenientes do sol. "A pele humana forma uma barreira formidável, muito difícil de penetrar", explica um dos autores dessa descoberta, o Dr. David Fisher, chefe do serviço de Dermatologia do hospital Massachusetts General e professor da Harvard Medical School, nos Estados Unidos. "Dez anos após o estudo publicado na Nature, encontramos uma solução baseada em uma outra classe de moléculas. Por serem menores, são capazes de passar através dos lipídios, direcionando sua ação para uma outra enzima que age no mesmo mecanismo genético envolvido na pigmentação da pele", explica o pesquisador.

Os cientistas testaram as moléculas com amostras de pele humana em ambiente de laboratório e constataram que escureciam, em maior ou menor grau, em função da dose da substância e da frequência de aplicação. O bronzeamento artificial durou vários dias.

"A importância desse estudo reside no potencial de ser, futuramente, a base para uma nova estratégia de proteção cutânea e de prevenção contra o câncer de pele", avalia o Dr. Fisher. "Sendo o órgão mais extenso do corpo, a pele, na maioria das vezes, desenvolve câncer devido à exposição aos raios ultravioleta", conclui.